quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Filha da Floresta - Trilogia Sevenwaters (Livro 1)





Editora: BUTTERLFLY EDITORA
Páginas: 608
Autor (a): Juliet Marillier 
Tempo para ler: 3 dias
Preço: 39,90 (Vanguarda)

  

    "(...) Aquele era nosso local de ritual, aquelas árvores guardavam em seus corações a história de nossas vidas, acompanharam nosso crescimento e agora estavam para presenciar o maior mistério que já tínhamos enfrentado. 
    O primeiro raio de sol surgiu no céu. Conor olhou para o sul e ergueu a vara de bétula diante de si.
    - Criaturas do fogo, velozes salamandras - invocou. - Crianças das chamas que purificam de propósito benéfico, nós as saudamos!
    O ar pareceu se mover, a luz pareceu mais brilhante, mas a névoa ainda envolvia a clareira.
    Liam ergueu a vasilha de água, grandes sábios, guardiões dos mistérios, nós os saudamos!
    Finbar se virou para o norte, onde as rochas abriam caminho entre as árvores. Suas mãos longas seguravam a pedra.
    - Habitantes do solo, conhecedores dos grandes segredos e da verdade; sábios e valorosos, honramos sua presença.
    - Agora, Sorcha - disse Conor. 
    Olhei para as grandes árvores a minha frente no lado leste. Peguei o sabre e fiquei em pé entre as flores.
    - Silfos da floresta - sussurrei - espíritos dos carvalhos, das faias e dos freixos, dríades das sorveiras e das castanheiras, ouçam-nos. Vós que nos guardam e protegem com vossos troncos e galhos, nós os honramos. Dama da Floresta, bela dama do manto azul, venha a nó neste momento de desespero e escuridão. Venha a nós, eu peço.
    Cravei a faca no chão, virando-me para voltar ao nosso círculo. A névoa começou a se dissipar com a chegada do dia. Ficamos em silêncio, com as cabeças baixas, em sinal de reverência. O círculo não podia ser quebrado. Esperamos enquanto o céu passava de cinza para azul e a névoa se dissipasse totalmente..."


    "O domínio de Sevenwaters é um lugar remoto, estranho, guardado e preservado por homens silenciosos e criaturas encantadas, além dos sábios druidas, que deslizam pelos bosques vestidos com seus longos mantos...

***

    Passada no crepúsculo celta da velha Irlanda, quando o mito era lei e a magia uma força da natureza, esta é a história de Sorcha, a sétima filha de um sétimo filho, o soturno Lorde Colum, e dos seus seis amados irmãos, vitimas de uma terrível madição que somente Sorcha é capaz de quebrar. Em sua difícil tarefa, imposta pelos Seres da Floresta, a jovem se vê dividida entre o dever, que significa a quebra do encantamento que aprisiona seus irmãos, e um amor cada vez mais forte, e proibido, pelo guerreiro que lhe prometeu proteção."



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    Eu descobri Filha da Floresta completamente por acaso. Estava eu a passear na livraria com aquele vicio consumidor no peito, e eu lembro de estar bem cansada de um tipo de leitura que eu estava lendo na época, dai eu me deparei com ele na prateleira. Nunca tinha ouvido falar do livro, mas esse verde lindérrimo da capa me lembrou muito a Irlanda (que é um dos países que eu mais amo) e eu não contive só em ficar olhando, peguei ele e me sentei para dar uma olhadinha. Eu amei a diagramação, e tem até um mapa para que o leitor possa compreender melhor a história, que eu achei um tantinho só confusa de primeira impressão, e logo a própria autora fez uma nota com a descrição de nomes e termos do Irlandês Gaélico antigo que são usados no livro várias vezes, então para o leitor não se perder, ela usou desse artificio que eu achei muito legal! Mas enfim, eu peguei o livro e comecei a ler as primeiras páginas e me encantei, só não pulei de felicidade ali mesmo porque iriam me achar uma louca ao extremo. Ele era exatamente o tipo de livro que eu estava procurando, exatamente o tipo de história que eu precisava ler!
    O que eu posso dizer? Eu me apaixonei. O livro é rico de uma escrita fascinante e perfeita, a escritora enriqueceu o livro com o melhor do Irlandês Gaélico, que para quem não sabe é a lingua falada na irlanda antes de os ingleses invadirem a ilha da irlanda, na idade média, mas não com a lingua propriamente dita, ela preencheu a história com a cultura irlandesa antiga e todas as suas tradições. Os personagens são muito bem criados e a história é mágica do inicio ao fim. 
    Sorcha é a sétima filha de um sétimo filho. Ou seja o pai de Sorcha, Lorde Colum tinha seis irmãos, e por conta era o sétimo filho, assim como a sua filha Sorcha veio a ser. Só que a mãe de Sorcha morreu quando lhe deu a luz e inconformado, Lorde Colum nunca mais foi o mesmo. Sorcha possui seus seis irmãos,  Finbar, Padriac, Diardmid, Cormack, Conor e Liam. Cada um diferente do outro, cada um com um talento especial para alguma determinada atividade, assim como a própria Sorcha que possui uma familiaridade desigual com as plantas, árvores e flores e lida muito bem para cuidar de enfermos com suas ervas medicinais que ela própria cultiva. 
    Lorde Colum após a morte de sua amada esposa se tornou um homem severo e duramente frio para com sua família, mas jamais deixando de cumprir com suas responsabilidades em suas terras (tratasse de uma história da idade média e Sevenwaters é um território fechado, como uma aldeia) e cuidando para que soldados estivessem a postos sempre bem treinados para defender as terras de bretrões indesejáveis enquanto ambos disputavam pela Pequena Agulha, uma ilha pequena das proximidades. Época onde vikings ainda existiam e druidas eram sábios que caminhavam pela terra silenciosamente entre as árvores.
    Sorcha narra a história e isso faz com que você entre ainda mais dentro do enredo incrivelmente mágico. Ela começa com algumas lembranças sobre quando era pequena, sempre a mais nova de seus irmãos. Até que ela estarrece ao ponto onde tem 12 anos de idade. As reflexões por sentir que seu pai sempre que a olha lembra-se de sua mãe e por isso a trata com tanto afastamento e rigidez.
    A vida em Sevenwaters é boa e tranquila até que um dia tudo muda. Sorcha é apresentada a sua nova madrasta, uma mulher fria e calculista que parece compreender os âmagos e segredos de cada um e entrar nos mais profundos pensamentos de quem quer que seja, Lady Oonagh, uma feiticeira, bela como o dia, mas com um coração negro como a noite. Oonagh conquista Lorde Colum com os seus sedutores estratagemas, mas não consegue encantar a prudente Sorcha. 
   O time da história é perfeito e alucinante, tudo ocorre muito rápido e a leitura é ainda mais rápida fazendo com que você queira devorar o livro em segundos só para chegar logo ao final.
   Lady Oonagh casa-se com seu pai e logo após o casamento tudo se transforma, animais morrem e as plantas de Sorcha começam a murchar. Seu pai torna-se um homem cego diante do que aconteceu aos seus olhos e Sorcha e seus irmãos decidem reverter essa situação com o que eles sabem melhor desde que nasceram, recorrer as forças da natureza.
   Tudo muda rapidamente. A escritora afirma que para criar a história inspirou-se no conto germânico dos irmãos Grimm, Os Seis Cisnes. E por isso, assim que Sorcha e seus irmãos recorrem a força das dríades e os espíritos da natureza, Lady Oonagh é mais rápida e com seu poder de feiticeira invoca uma maldição sobre os seis irmãos de Sorcha transformando-os em cisnes. 
   Com a maldição imposta, os seis cisnes ficarão nessa forma animal por seis meses a cada um ano, trocando apenas duas vezes a cada solsticio para a forma humana. Sorcha, desesperada recorre a Deusa da Floresta e pede socorro para reverter o encanto. E com isso, Sorcha entra em uma missão horrível, dolorida e brutal para salvar seus irmãos da terrível maldição que não só prejudica a eles como a todos, o seu pai e toda a sua aldeia de Sevenwaters. 
    Sorcha deverá ficar muda até que termine a tarefa e não pode contar a ninguém o que está fazendo. Deve tecer seis camisas, uma para cada um de seus irmãos feita de uma planta com espinhos que cortará suas mãos e as fará sangrar dia e noite, mas ela não poderá gritar de dor e nem emitir som algum. Sorcha deverá ser forte acima de todas os obstáculos que a esperam, inclusive o rompimento de sua inocência tão brutalmente tirada de si mesma, a dor e a saudade, a injustiça imposta pela feiticeira. 
   Por uma incrível aventura, ela encontrará um bretrão, inimigo trajado de suas terras, que a socorrerá quando mais precisar e a levará além do mar. O destino traçará caminhos e essa aventura fica longe de ser entediante ou difícil de acompanhar. 
    Tudo que Sorcha precisa fazer é salvar seus irmãos até que o tempo acabe. Para isso precisará de ajuda, e essa ajuda será mais do que bem vinda, ela poderá se transformar no verdadeiro amor de sua vida embora seja o amor mais proibido que ela poderia encontrar. 


    



A nossa força vem dessa magia, da terra e do céu, do fogo e da água. Voai alto, nadai profundamente, dai à terra o que ela vos dá...


— Creio que estás a ser demasiado duro — disse o padre Brien, mas falou bondosamente. — Ainda não conheces a espécie de amor que ataca como um relâmpago; agarra-se ao coração, tão irrevogavelmente como a morte; torna-se a estrela pela qual te orientas o resto da tua vida. Não desejo esse amor a ninguém, homem ou mulher, porque pode tornar a vida um paraíso, ou destruí-la. Mas está na natureza da vossa família viver um amor assim.
    


    Eu poderia escrever muito mais a respeito, mas é complicado quando amamos muito um determinado livro e logo, difícil para descreve-lo. Eu só consigo pensar que ele é ótimo e realmente perfeito, que todos que gostam desse estilo de livros medievais, com druídas e florestas, fadas e magia e amor, deveriam lê-lo. Eu não esperava que fosse gostar tanto assim. A escrita é perfeita e instigante e eu me vi realmente tocada por cada página dessa história. Me lembrou muito de contos de fadas onde o bem luta contra o mal e tão irrevogavelmente deve-se passar por grandes dificuldades para crescer ao longo da história e conseguir merecer pela conquista tão sonhada. 
    Não trata-se de um livro comum, pode até não ser um grande best-seller mas é um livro altamente bem escrito e muito bem formado que realmente vale a pena ser lido. Eu super recomendo.
    Já estou aguardando as continuações ansiosamente!



    Nota: 5/5


Annabel Laurino

    

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