quinta-feira, 27 de março de 2014

Bonsai - Alejandro Zambra




Editora: COSACNAIFY
Páginas: 91
Autor (a): Alejandro Zambra
Tempo para ler: 1 hora e meia
Preço: 27,00 (Vanguarda)
Classificação:





     O que seria mais estranho em um livro (de romance) que ele ter apenas 91 páginas para serem lidas e você conseguir ler todas elas em apenas uma hora e meia, duas horas no máximo? Bem, o que poderia ser completamente estranho, acabou sendo algo inovador, cativante e gostoso de ser lido.
    Como foi que eu descobri Bonsai? A história toda começou com o filme, isso mesmo, Bonsai já possui uma versão cinematográfica Argentina de 2011, que por sinal continuou sendo um bom filme mesmo depois de eu ter lido o livro. 
    Conheci o filme com a indicação de uma amiga que me falou para assisti-lo e foi o que eu fiz. Ela disse que era um filme bem pouco conhecido, meio estranho, meio minha cara. Gostei da história, gostei de tudo nele, fiquei com o filme um bom tempo na cabeça pensando nos detalhes e nos personagens. Minha sorte é que eu tinha essa minha amiga para falar sobre ele, se não eu teria enlouquecido. O que acontece com a maioria dos filmes que assisto e não tenho ninguém para comentar sobre eles.
     Mas como era mesmo para que eu conhecesse esse cara, o Zambra, um dia eu estava arrumando uma prateleira de livros da Vanguarda (onde eu trabalho) e vejo um livro fininho, capa legal e tudo mais e olho para o titulo, "Bonsai". Então me lembro que o filme tinha um livro e eu quase infarto. Eu estava com o livro na mão e eu nem acreditava que já tínhamos ele no Brasil ou coisa assim. Comprei na mesma hora. A expectativa era enorme.
    E foi correspondida. Muito.
    Mas, vamos por partes. Bonsai é um livro diferente, em todos os sentidos possíveis. Primeiro que é um romance de pouquíssimas páginas, rápido e direto. A escrita de Zambra não é apega a detalhes, a minucias e diálogos, mas isso não quer dizer que o texto é pobre. Ele é rico em tudo que precisa para um boa história, e poucas palavras, se bem usadas, são suficientes para que o leitor tenha uma noção dos personagens e do cenário que os engloba, como Zambra faz e faz com maestria.
    Eu nunca tinha lido um livro assim, foi uma experiência nova e completamente gostosa de ter. As páginas do livro não são completamente preenchidas, e isso o leitor entende no final do livro. O texto ocupa somente metade da página, o que tem tudo a ver com o nome do livro, pois mostra a necessidade da poda, das medidas, para que o crescimento seja fluido.
    Fluido é o livro inteiro. É maravilhoso. Você lê e não para, e quer ler mais e mais. Os personagens principais são Julio e Emilia. Emilia e Julio. Quando terminei o livro, quando a ultima página foi virada, Julio e Emilia já eram meus mais novos personagens favoritos. Eu fiquei apaixonada.
    A exatidão das palavras espanta, o ritmo, a levada. Tudo parece um poema que não tem fim, que não tem forma. Parece até uma dança de palavras que contam a vida de duas pessoas num frenesi que só para quando a ultima folha for virada.
    Para alguém entender Bonsai é necessário estar aberto a novas experiências literárias. É preciso entender a essência e não o que está sendo dito. Quando terminei o livro, eu tinha várias anotações e perguntas, eu estava em êxtase. Sem duvidas bonsai foi uma das minhas melhores descobertas nesse ano.


"Um Bonsai é uma réplica artística de uma árvore em miniatura. Consta de dois elementos: A árvore viva e o recipiente. Os dois elementos têm de estar em harmonia e a seleção do vaso apropriado para uma árvore é, por si só, quase uma forma de arte. [...] Um bonsai nunca é chamado de árvore bonsai. A palavra já inclui o elemento vivo. Uma vez fora do vaso, a árvore deixa de ser um bonsai."



    Caso você sinta muito interesse em dar uma espiadinha nessa magnificência de livro, por curiosidade ou por indicação, não se assuste com o começo da primeira página:




"No final ela morre e ele fica sozinho, ainda que na verdade ele já tivesse ficado sozinho muitos anos antes da morte dela, de Emilia. Digamos que se chama ou se chamava Emilia e que se chama, se chamava e continua se chamando Julio. Julio e Emilia. No final, Emilia morre e Julio não morre. O resto é literatura:"




    O resto é literatura. Isso é muito importante de se entender. O final é só o final, o que importa é a história, é a metáfora da história. É o enredo, é o todo do tudo. O resto é o resto.
    Costumo dizer, a partir de agora, que os livros de Zambra são uma arte. E para acrescentar, depois de algum tempo, a Cosacnaify se tornou uma das minhas editoras favoritas também. Acho que toda a importância artística que foi dada ao livro ajudou muito para que ele se tornasse tão bem visto para quem não o conhece. 

    Preciso dizer mais alguma coisa? Eu super recomendo. Zambra já está no meu coração. 





Annabel Laurino



quarta-feira, 12 de março de 2014

Que Saudade!

    Dizem que você não consegue ficar muito tempo longe daquilo que ama. Seja chocolate, café, video game, esportes, jogos de luta, comida da mãe ou livros. Bem, eu não consigo ficar longe deles! Estão por toda parte, inclusive, por toda parte no meu quarto!
    São muitos livros para ler, muitos livros lidos, muitos livros comprados e eu sinto cada vez mais vontade de falar sobre eles. Mas nem sempre todo mundo quer ouvir então eu resolvi escrever. Fiquei muito tempo sem fazer isso e acho que essa é uma boa fase para recuperar o tempo perdido e falar (escrever) para quem quiser saber o que eu tenho para contar. - até porque estou com os dedos coçando para começar de uma vez. Estou pensando em livros para começar. Sugestões? - 
     É isso! Estou de volta, e com saudades. 


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Momento Claquete: O Cavaleiro Solitário

O Cavaleiro Solitário : poster

Lançamento: 12 de julho de 2013 
Duração: 2h e 29min
Dirigido por: Gore Verbinski
Com: Johnny Depp, Armie Hammer, Tom Wilkinson
Gênero: Ação, Aventura, Faroeste
Nacionalidade: EUA
Título Original: The lone Ranger 
Distribuidora: Disney/ Buena Vista 
Classificação:  
 


    Sinopse 

    Colby, Texas, 1869. John Reid (Armie Hammer) é um advogado que acaba de retornar à sua cidade-natal, onde vive seu irmão Dan (James Badge Dale), a cunhada Rebecca (Ruth Wilson) e o sobrinho Danny (Bryant Prince). John está disposto a cumprir a justiça ao pé da letra, levando os criminosos ao tribunal, apesar da resistência local. Ao acompanhar o irmão e outros Texas Rangers em uma patrulha pelo deserto, o grupo é atacado pelos capangas de Butch Cavendish (William Fichtner), um bandido que tem a fama de comer carne humana. Todos são assassinados, com exceção de John, que fica à beira da morte. O índio Tonto (Johnny Depp) o encontra e, ao perceber que um cavalo branco escolhe John, passa a ajudá-lo. Tonto acredita que John foi escolhido por um mensageiro espiritual e que, como voltou da morte, não pode mais ser morto. A partir de então John passa a usar uma máscara e, ao lado de Tonto, faz de tudo para reencontrar Cavendish.


***


     O Cavaleiro Solitário tem tudo que eu mais amo em filmes, ação, aventura, suspense e faroeste. Sim, e o Johnny Depp, claro. Então eu não poderia perder a oportunidade de assistir. Tinha muita expectativa em cima dele, todo mundo falando e eu li várias resenhas na internet cheias de comentários negativos então eu já estava apreensiva. Bem, diante de tanta crítica ruim eu tenho que pedir desculpa ao pessoal que não curtiu, um sinto muito para vocês, mas eu amei esse filme. 
     Bem, eu vou explicar porque todo mundo estava falando mal. Como todos sabemos o Johnny Depp desde os anos oitenta/noventa não faz mais tantos filmes em que ele não apareça cheio de caracterizações e por trás de mil e uma roupas, sujo, cabelos loucos e muita, muita maquiagem, porque é do estilo do ator fazer filmes assim. E eu não considero isso algo ruim, mas depois da loucura que foi com o filme Piratas do Caribe, também pela distribuidara Disney, o pessoal só falava disso, de como o Johnny Depp é legal e atuava bem e o Capitão Jack Sparrow é maneiro e tudo mais. Só que agora surgiu essa megalomania de Johnny Depp porque tudo que é filme que ele participa ele está lá, sendo o cara cheio de caracterizações e com uma dramatização e humor em gestos e falas que não é mais como se ele fosse um personagem novo e diferenciado, o que ficou muito nítido nesse filme do Cavaleiro Solitário, porque eu pude claramente comparar Tonto, o seu personagem no filme, com o Capitão Jack Sparrow de Piratas do Caribe. Acredito que pelas falas, humor irônico e algumas dramatizações em gestos. Mas não culpo o filme por isso, mas nesse aspecto eu tenho de concordar com o publico que criticou por essa semelhança tão grande, não é como se tivesse retirado pontos do filme, mas também não acrescentou por já ser tão esperado do ator. 
     Acho que devido a isso eu não consigo dar cinco estrelas, por detalhes como esses, além de alguns efeitos especiais e pontos de interrogação na trama. Mas tem muita gente e várias resenhas intitulando o filme como um fracasso, bem, eu não concordo. O filme foi incrível e devo dizer isso porque eu que fui criada vendo filmes de faroestes na televisão com o meu avô e pude sentir aquele sabor de infância de novo. A trilha sonora, o suspense por trás de todos os personagens e o enredo animador deram ao velho desenho de Lone Ranger uma nova visão espetacular que foi a junção de um ótimo diretor, maravilhosos atores e uma repaginada mais New. 
    Fatores de que o filme é demorado demais para a trama que se desenvolve, o Johnny Depp e outras coisas mais não creio que possam desvalorizá-lo tanto a ponto de ser taxado como um mau filme. O Cavaleiro Solitário é ótimo para ser assistido mil vezes, é o que se espera de um bom diretor que dirigiu Piratas do Caribe. Dá para dar muitas risadas mas como também de uma hora para outra você se sente tão a fundo no filme que você está apreensivo, nervoso e rindo novamente. O filme nos leva à 1869, Texas, e como começaram as construções de ferrovias nos Estados Unidos, a loucura pela descoberta do Ferro e os braços dados de chefes de poder para partilharam de bens e interesses próprios. Realmente interessante!
    Não é um filme surpreendente, é um filme familiar. Creio que as pessoas que conhecem bastante de faroeste e todos os filmes de Core irão entendê-lo sem sair das salas de cinema criticando pontos nem tão importantes assim. Os personagens foram muito bem escolhidos e depois, analisando alguns desenhos de Lone Ranger, eu pude facilmente ver a familiaridade de alguns atores e seus respectivos personagens, começando pelo ator principal Armie Hammer. Eles acertaram muito no filme principalmente por colocar humor nele e na características escolhidas para o vilão da história, o Cavendish. Foi como voltar a ser criança de novo e encontrar um novo episódio perdido de Lone Ranger só que direto do futuro. Amei.   
     Realmente vale a pena assistir!


                                      

        Curiosidade:

    Lone Ranger foi um desenho nos anos 60 que estreou com a ideia de o Cavaleiro Solitário desenvolvido pelo escritor Fran StrikerFoi essa uma das inspirações do filme e O Ranger e o seu amigo índio, o Tonto. Teve várias adaptações no cinema, quadrinhos, rádio e programas de TV como também junto ao Zorro.
 




         Galeria

           









            Trailer 





Annabel Laurino 




quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Grande Gatsby

 

Editora: L&M POCKET
Páginas: 205
Autor (a): F. Scott Fitzgerald
Tempo para ler: 1 semana
Preço: 16,00 (Vanguarda)
Classificação: 
       
   


    Para você que não curte romances antigos e não aceita nada na sua estante que não seja tão moderno quanto o lançamento do ultimo livro da semana passada, aqui está F. Scott Fitzgerald para quebrar todos esses paradigmas e preconceitos com o ilustre, O Grande Gatsby.
    Tudo bem, eu confesso que no começo eu não tinha essa ideia de que eu pudesse gostar tanto de um livro como esses, principalmente porque as versão de livros já considerados antigos ou são aquelas Pocket de capa fina demais ou são de capa dura e custam horrores, ou seja, ficam muito longe do que as pessoas consideram 'chamar a atenção', começando basicamente por ai. E sinceramente, não me chamava muito a atenção. Mas então parece que está vindo essa onda de ressurgir as obras antigas, começou com Jane Austen, e filmes para cá e para lá e agora já estamos até com o Gatsby e uma versão nova nas telas do cinema. E sendo mais direta, foi isso que me fez ler o livro.
    Não, eu ainda não vi o filme, mas eu me senti irresistivelmente atraída pela história. No começo eu fiquei desconfiada de que realmente eu pudesse gostar. A história do livro se passa em Nova York justamente nos loucos anos 20, por volta de 1922 e retrata bem o tal Sonho Americano e a mágica era do Jazz. O livro foi lançado pela primeira vez em 1925 então o tema é bem justo com a a própria época em que foi escrito. 
    Long Island é onde o centro efêmero da obra se revolta. É onde o materialismo estava em ascensão, a modernidade, o uso do corpo feminino, as descobertas da juventude se abrindo num leque sem fim. O que Scott nos mostra é uma sociedade cheia de pequenos pontos de interrogação, as pessoas não sabiam como ser felizes, elas só queriam ser e se sentirem satisfeitas de alguma forma, nem que para isso fosse preciso serem tão fúteis a ponto de se auto divulgarem, ou seja, todos queriam aparecer e ser alguém importante.
    A trama é contada não pelo próprio Gatsby, que até então é um mistério, e sim pelo Nick Carraway que tem uma vida bem simples e nada movimentada e se muda para Nova York em busca de maiores condições financeiras trabalhando com contabilidade, afinal, o épicentro finaceiro estava lá. Só que ao lado de sua pequenina casa sem graça em long Island há uma gigantesca mansão mais produzida como um castelo, onde a grama é verdíssima e bem cortada, flores e mais flores de todas as cores e as luzes, sempre acesas, iluminando todas as janelas e o jardim. Todos os dias há festas noturnas nessa casa, que vão do anoitecer até o amanhecer onde pessoas ilustres se encontram, astros do cinema, atrizes, cantores de jazz, escritores renomados e atores de teatro da Broadway. Ou seja, a casa ao lado da sua é uma mágica ostentação de luxo e Nick se sente cada vez mais curioso sobre seu vizinho, o dono da mansão.
     É em um jantar com seu amigo Tom Buchanan e sua esposa Daisy que Nick descobre que seu vizinho se chama Gatsby e que ele é mais conhecido que supunha. Muitas pessoas inventam horrores de suposições de quem seria de verdade o tal Gatsby, dono de um carro luxoso e amarelo, e de uma mansão onde festas insanas acontecem todas as noites. É em uma dessas festas que Nick acaba sendo convidado pelo próprio vizinho e de repente tudo começa a acontecer.
    F. Scott Fitzgerald tem uma capacidade maravilhosa de nos incluir em sua história por mais confusa que ela se pareça ser, afinal, para quem lê o livro agora tem uma ideologia muito distante de quando foi escrito, mas mesmo assim, ele consegue abrir sua cabeça e te mostrar o quanto precisa a história pode ser. Eu me vi encantada com cada personagem muito bem descrito, senti repulsa por alguns e não compreendi outros, mas foi exatamente o Grande Gatsby que me encantou, essa é a magia do livro, não há se quer uma pessoa que não se sinta atraída por Gatsby, e foi por essa razão que Nick Carraway o descreve tão bem, como alguém misterioso, enigmático mas que atrai as pessoas de alguma maneira, seja com seu luxo ou com o mistério do que o seu passado carrega.
    Foi nessa proporção que eu me apaixonei pelo livro, o passado de Gatsby,  a época dos anos loucos, a fragilidade da mulher sendo quebrada enquanto começou a ser vista como algo ruim que apaixonava os homens e os destruía,  o luxo e ostentação de carros lustrosos e roupas brilhantes e camisas bem passadas, salões de festas deslumbrantes e sim, a futilidade mascarada em pessoas que não sabiam mais ao certo no que acreditar a não ser nas coisas mais palpáveis que tivessem.
    Me senti bem nostálgica em alguns pontos da história - dos quais não posso citar porque estaria me precipitando - o livro me deixou bem pensativa quanto a muitas coisas e não pude evitar de comparar o mundo atual em que vivemos e o que e como ele foi um dia e quais são as semelhanças disso. Gatsby é um ser humano solitário e a sua solidão foi o que mais me comoveu, eu realmente consegui amá-lo ao mesmo tempo em que me senti triste e entendia o seu profundo passado do qual persegue com tanto afinco, assim como a tal luz verde do outro lado do cais. 
    Que saber? O Grande Gatsby é realmente um grande livro de um grande escritor, eu poderia ficar horas descrevendo e chegaria a conclusão de que ele realmente me surpreendeu, não somente porque conseguiu quebrar meu preconceito, mas pela história, pelo final surpreendente, pelos personagens que mesmo depois que você termina o livro parece que ficam em você durante horas. Eu amei lê-lo e amei mais ainda poder admirar uma obra como essa que pessoalmente, acho que todos deveriam ler. 
    Então como diria Gatsby : "Divirta-se, meu velho".


Annabel Laurino
     


    ***

Citações
   


  "- Ah, você recorda - acrescentou ela - uma conversa que tivemos uma vez sobre como dirigir um automóvel?
   - Ora, não muito bem.
   - Você lembra de ter dito que um mau motorista só estava seguro enquanto não encontrava outro mau motorista, não foi? Quero dizer que fui muito descuidada ao avaliar você. Pensei que você fosse uma pessoa honesta, franca e direta. Pensei que isso era o seu orgulho secreto."

  "Não há intensidade de ardor ou de euforia que possa desafiar aquilo que um ser humano é capaz de armazenar em seu fantasmagórico coração."

  "Gatsby acreditara na luzinha verde, naquele futuro orgiástico que ano após ano se afasta de nós. O Futuro já nos iludiu tantas vezes, mas não importa... Amanhã correremos mais depressa e esticaremos nossos braços um pouco mais além que, em uma bela manhã. E assim nós prosseguimos, barcos contra a corrente, empurrados incessantemente de volta ao passado."