quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Grande Gatsby

 

Editora: L&M POCKET
Páginas: 205
Autor (a): F. Scott Fitzgerald
Tempo para ler: 1 semana
Preço: 16,00 (Vanguarda)
Classificação: 
       
   


    Para você que não curte romances antigos e não aceita nada na sua estante que não seja tão moderno quanto o lançamento do ultimo livro da semana passada, aqui está F. Scott Fitzgerald para quebrar todos esses paradigmas e preconceitos com o ilustre, O Grande Gatsby.
    Tudo bem, eu confesso que no começo eu não tinha essa ideia de que eu pudesse gostar tanto de um livro como esses, principalmente porque as versão de livros já considerados antigos ou são aquelas Pocket de capa fina demais ou são de capa dura e custam horrores, ou seja, ficam muito longe do que as pessoas consideram 'chamar a atenção', começando basicamente por ai. E sinceramente, não me chamava muito a atenção. Mas então parece que está vindo essa onda de ressurgir as obras antigas, começou com Jane Austen, e filmes para cá e para lá e agora já estamos até com o Gatsby e uma versão nova nas telas do cinema. E sendo mais direta, foi isso que me fez ler o livro.
    Não, eu ainda não vi o filme, mas eu me senti irresistivelmente atraída pela história. No começo eu fiquei desconfiada de que realmente eu pudesse gostar. A história do livro se passa em Nova York justamente nos loucos anos 20, por volta de 1922 e retrata bem o tal Sonho Americano e a mágica era do Jazz. O livro foi lançado pela primeira vez em 1925 então o tema é bem justo com a a própria época em que foi escrito. 
    Long Island é onde o centro efêmero da obra se revolta. É onde o materialismo estava em ascensão, a modernidade, o uso do corpo feminino, as descobertas da juventude se abrindo num leque sem fim. O que Scott nos mostra é uma sociedade cheia de pequenos pontos de interrogação, as pessoas não sabiam como ser felizes, elas só queriam ser e se sentirem satisfeitas de alguma forma, nem que para isso fosse preciso serem tão fúteis a ponto de se auto divulgarem, ou seja, todos queriam aparecer e ser alguém importante.
    A trama é contada não pelo próprio Gatsby, que até então é um mistério, e sim pelo Nick Carraway que tem uma vida bem simples e nada movimentada e se muda para Nova York em busca de maiores condições financeiras trabalhando com contabilidade, afinal, o épicentro finaceiro estava lá. Só que ao lado de sua pequenina casa sem graça em long Island há uma gigantesca mansão mais produzida como um castelo, onde a grama é verdíssima e bem cortada, flores e mais flores de todas as cores e as luzes, sempre acesas, iluminando todas as janelas e o jardim. Todos os dias há festas noturnas nessa casa, que vão do anoitecer até o amanhecer onde pessoas ilustres se encontram, astros do cinema, atrizes, cantores de jazz, escritores renomados e atores de teatro da Broadway. Ou seja, a casa ao lado da sua é uma mágica ostentação de luxo e Nick se sente cada vez mais curioso sobre seu vizinho, o dono da mansão.
     É em um jantar com seu amigo Tom Buchanan e sua esposa Daisy que Nick descobre que seu vizinho se chama Gatsby e que ele é mais conhecido que supunha. Muitas pessoas inventam horrores de suposições de quem seria de verdade o tal Gatsby, dono de um carro luxoso e amarelo, e de uma mansão onde festas insanas acontecem todas as noites. É em uma dessas festas que Nick acaba sendo convidado pelo próprio vizinho e de repente tudo começa a acontecer.
    F. Scott Fitzgerald tem uma capacidade maravilhosa de nos incluir em sua história por mais confusa que ela se pareça ser, afinal, para quem lê o livro agora tem uma ideologia muito distante de quando foi escrito, mas mesmo assim, ele consegue abrir sua cabeça e te mostrar o quanto precisa a história pode ser. Eu me vi encantada com cada personagem muito bem descrito, senti repulsa por alguns e não compreendi outros, mas foi exatamente o Grande Gatsby que me encantou, essa é a magia do livro, não há se quer uma pessoa que não se sinta atraída por Gatsby, e foi por essa razão que Nick Carraway o descreve tão bem, como alguém misterioso, enigmático mas que atrai as pessoas de alguma maneira, seja com seu luxo ou com o mistério do que o seu passado carrega.
    Foi nessa proporção que eu me apaixonei pelo livro, o passado de Gatsby,  a época dos anos loucos, a fragilidade da mulher sendo quebrada enquanto começou a ser vista como algo ruim que apaixonava os homens e os destruía,  o luxo e ostentação de carros lustrosos e roupas brilhantes e camisas bem passadas, salões de festas deslumbrantes e sim, a futilidade mascarada em pessoas que não sabiam mais ao certo no que acreditar a não ser nas coisas mais palpáveis que tivessem.
    Me senti bem nostálgica em alguns pontos da história - dos quais não posso citar porque estaria me precipitando - o livro me deixou bem pensativa quanto a muitas coisas e não pude evitar de comparar o mundo atual em que vivemos e o que e como ele foi um dia e quais são as semelhanças disso. Gatsby é um ser humano solitário e a sua solidão foi o que mais me comoveu, eu realmente consegui amá-lo ao mesmo tempo em que me senti triste e entendia o seu profundo passado do qual persegue com tanto afinco, assim como a tal luz verde do outro lado do cais. 
    Que saber? O Grande Gatsby é realmente um grande livro de um grande escritor, eu poderia ficar horas descrevendo e chegaria a conclusão de que ele realmente me surpreendeu, não somente porque conseguiu quebrar meu preconceito, mas pela história, pelo final surpreendente, pelos personagens que mesmo depois que você termina o livro parece que ficam em você durante horas. Eu amei lê-lo e amei mais ainda poder admirar uma obra como essa que pessoalmente, acho que todos deveriam ler. 
    Então como diria Gatsby : "Divirta-se, meu velho".


Annabel Laurino
     


    ***

Citações
   


  "- Ah, você recorda - acrescentou ela - uma conversa que tivemos uma vez sobre como dirigir um automóvel?
   - Ora, não muito bem.
   - Você lembra de ter dito que um mau motorista só estava seguro enquanto não encontrava outro mau motorista, não foi? Quero dizer que fui muito descuidada ao avaliar você. Pensei que você fosse uma pessoa honesta, franca e direta. Pensei que isso era o seu orgulho secreto."

  "Não há intensidade de ardor ou de euforia que possa desafiar aquilo que um ser humano é capaz de armazenar em seu fantasmagórico coração."

  "Gatsby acreditara na luzinha verde, naquele futuro orgiástico que ano após ano se afasta de nós. O Futuro já nos iludiu tantas vezes, mas não importa... Amanhã correremos mais depressa e esticaremos nossos braços um pouco mais além que, em uma bela manhã. E assim nós prosseguimos, barcos contra a corrente, empurrados incessantemente de volta ao passado."