Editora: Companhia Das Letras
Páginas: 525
Autor: Stieg Larsson
Depois de tantos livros que já li, acredito que as verdadeiras histórias devem ser aquelas que quando começamos a ler tem o poder de nos fazer entrar no enredo, sem que percebamos.
Millenium 1 é assim. Nas primeiras
páginas, quando comecei a ler senti algo de diferente de todos os romances
criminais que já li. Percebi um tom diferente em que a história era contada, me
senti instigada com a primeira mordida de mistério que logo lhe é servida nas
primeiras páginas, pois logo eu soube que aquela misteriosa fagulha era só o
começo de toda a instigante história que viria a seguir.
Mikael
Blomkvist supera Sherlock e até mesmo o detetive Poirot. Aos meus
olhos eu me vi fascinada com um personagem que cresce ao longo da história, completamente
humano, porém, inteligente e com uma certa sensibilidade que é admirável.
Lisbeth Salander é uma das personagens que me ganha também, e me vi pouco me
importando se ela fosse um caso de problema psicológico ambulante, comecei
a vê-la como se estivesse frente a frente com ela, e assim como muitos
personagens ao longo da história, a respeitá-la por sua voracidade. Até então se
pensa que ela é completamente perturbada, o que eu, discordo
completamente.
A dupla principal que é apresentada é
inédita. Em alguns momentos do enredo eu me vi em Estocolmo, ao lado de Mikael,
de Lisbeth, a procura de um mistério indecifrável, eloqüente.
Stieg Larsson subiu no meu conceito. Quando vi
o filme eu me vi apaixonada pela história, e sim, eu vi primeiro o filme. Só
então, instigada, eu comprei o livro e comecei a ler, devorei-o.
Inteligente, voraz, Millenium é um enredo
criminal curioso e totalmente cultural, desde o capitalismo, nazismo, conceitos
éticos, pesquisas, tudo lhe é apresentado de uma forma sagaz, sem deixar o
leitor entediado, pelo contrário, ainda mais faminto.
A história se passa na Suécia, Estocolmo.
Henrik Vanger é a chave da família Vanger, o pilar central da história. Velho e
um tanto debilitado, Henrik passou sua vida inteira em torno de um mistério não
solucionado, o desaparecimento de sua sobrinha Hariet Vanger.
O passado mescla-se com o futuro. Um
passado cheio de peças perdidas de um quebra cabeça que não faz sentido. Em 1966 Hariet Vanger desapareceu em um
dia aparentemente comum, até que um acidente eclodiu na ponte de Hedested, onde
no dia toda a família Vanger, o clã, se encontrava presente para uma reunião na
casa de Henrik. Todas as pessoas comoveram-se com o acidente e colocaram-se
para ajudar, todos dispersos com o choque surpreso, quando deram por si, Hariet
Vanger havia sumido. Buscas incansáveis, fotos e muita, muita procura, fora a dedicação
da vida de Henrik Vanger nos 36 anos a seguir, onde procurar Hariet tornou-se
seu maior hobby insolucionável desde o dia em que um acidente de carro poderia
ser ou não o motivo de um desaparecimento aparentemente sem pistas.
E é nessa teia de aranha confusa que o
jornalista econômico Mikael Blomkvist entra. Depois de ser acusado no tribunal por
ter feito uma critica econômica contra o fascista Wennerström, e
uma crise de credibilidade atinge a sua revista, Millenium, do qual é sócio.
Mikael recebe um convite inusitado de Henrik para solucionar o caso Hariet com uma
proposta de pagamento irrecusável, a prova de que fora acusado injustamente e
que Wennerström é culpado.
Com conjuntos de fatos
surpreendentes, os dois personagens principais, um jornalista e uma hacker punk
se encontram em uma narrativa muito bem contada, que da prazer em ser
lida.
O mistério, a forma como a
história é contada, os fatos cruéis de violência contra as mulheres que tanto é
famosa na Suécia, o final surpreendente, a desenvoltura, a realidade, enfim, Millenium é uma superação criminal nunca vista. Para
mim é além de uma obra de um escritor talentoso, é uma obra bem descrita, tem
foco, tem fundamentos.
Enquanto li não consegui nem um
segundo deixar de ficar lendo por muito tempo, como eu disse, é um livro que
nos prende. Nas primeiras páginas da história parece uma apresentação sutil,
com todo o personagens sendo apresentados, mas logo você percebe que a coisa é
séria, com mapas e descrições de uma família industrial capitalista das mais
cruéis cheia de podres e imperfeições.
Millenium não é uma história para
quem quer se divertir, ou gosta de uma leitura mansa. É uma história massacrante
que pode até mesmo tanto deixar o leitor de cabelos em pé como também revoltado
com alguns fatos que sabemos que estão aos montes por ai.
Além de tudo, além da admiração pela
história, vem logo a admiração pelos personagens, a uma delas é claro, a mais
marcante. A que nos faz logo que terminamos o livro, roer os dedos e querer
logo ler a continuação, desvendar a história de Lisbeth Salander, a garota punk
com a tatuagem do dragão.
Annabel Laurino.
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