segunda-feira, 28 de maio de 2012

Millenium 1 - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres

   

 Editora: Companhia Das Letras
 Páginas: 525 
 Autor: Stieg Larsson 



   
Depois de tantos livros que já li, acredito que as verdadeiras histórias devem ser aquelas que quando começamos a ler tem o poder de nos fazer entrar no enredo, sem que percebamos. 
    Millenium 1 é assim. Nas primeiras páginas, quando comecei a ler senti algo de diferente de todos os romances criminais que já li. Percebi um tom diferente em que a história era contada, me senti instigada com a primeira mordida de mistério que logo lhe é servida nas primeiras páginas, pois logo eu soube que aquela misteriosa fagulha era só o começo de toda a instigante história que viria a seguir. 
    Mikael Blomkvist  supera Sherlock e até mesmo o detetive Poirot. Aos meus olhos eu me vi fascinada com um personagem que cresce ao longo da história, completamente humano, porém, inteligente e com uma certa sensibilidade que é admirável. Lisbeth Salander é uma das personagens que me ganha também, e me vi pouco me importando se ela fosse um caso de problema psicológico ambulante, comecei a vê-la como se estivesse frente a frente com ela, e assim como muitos personagens ao longo da história, a respeitá-la por sua voracidade. Até então se pensa que ela é completamente perturbada, o que eu, discordo completamente. 
    A dupla principal que é apresentada é inédita. Em alguns momentos do enredo eu me vi em Estocolmo, ao lado de Mikael, de Lisbeth, a procura de um mistério indecifrável, eloqüente. 
    Stieg Larsson subiu no meu conceito. Quando vi o filme eu me vi apaixonada pela história, e sim, eu vi primeiro o filme. Só então, instigada, eu comprei o livro e comecei a ler, devorei-o.
    Inteligente, voraz, Millenium é um enredo criminal curioso e totalmente cultural, desde o capitalismo, nazismo, conceitos éticos, pesquisas, tudo lhe é apresentado de uma forma sagaz, sem deixar o leitor entediado, pelo contrário, ainda mais faminto.
    A história se passa na Suécia, Estocolmo. Henrik Vanger é a chave da família Vanger, o pilar central da história. Velho e um tanto debilitado, Henrik passou sua vida inteira em torno de um mistério não solucionado, o desaparecimento de sua sobrinha Hariet Vanger. 
    O passado mescla-se com o futuro. Um passado cheio de peças perdidas de um quebra cabeça que não faz sentido. Em 1966 Hariet Vanger desapareceu em um dia aparentemente comum, até que um acidente eclodiu na ponte de Hedested, onde no dia toda a família Vanger, o clã, se encontrava presente para uma reunião na casa de Henrik. Todas as pessoas comoveram-se com o acidente e colocaram-se para ajudar, todos dispersos com o choque surpreso, quando deram por si, Hariet Vanger havia sumido. Buscas incansáveis, fotos e muita, muita procura, fora a dedicação da vida de Henrik Vanger nos 36 anos a seguir, onde procurar Hariet tornou-se seu maior hobby insolucionável desde o dia em que um acidente de carro poderia ser ou não o motivo de um desaparecimento aparentemente sem pistas. 
    E é nessa teia de aranha confusa que o jornalista econômico Mikael Blomkvist entra. Depois de ser acusado no tribunal por ter feito uma critica econômica contra o fascista Wennerström, e uma crise de credibilidade atinge a sua revista, Millenium, do qual é sócio. Mikael recebe um convite inusitado de Henrik para solucionar o caso Hariet com uma proposta de pagamento irrecusável, a prova de que fora acusado injustamente e que Wennerström é culpado
    Com conjuntos de fatos surpreendentes, os dois personagens principais, um jornalista e uma hacker punk se encontram em uma narrativa muito bem contada, que da prazer em ser lida. 
    O mistério, a forma como a história é contada, os fatos cruéis de violência contra as mulheres que tanto é famosa na Suécia, o final surpreendente, a desenvoltura, a realidade, enfim, Millenium é uma superação criminal nunca vista. Para mim é além de uma obra de um escritor talentoso, é uma obra bem descrita, tem foco, tem fundamentos. 
    Enquanto li não consegui nem um segundo deixar de ficar lendo por muito tempo, como eu disse, é um livro que nos prende. Nas primeiras páginas da história parece uma apresentação sutil, com todo o personagens sendo apresentados, mas logo você percebe que a coisa é séria, com mapas e descrições de uma família industrial capitalista das mais cruéis cheia de podres e imperfeições. 
    Millenium não é uma história para quem quer se divertir, ou gosta de uma leitura mansa. É uma história massacrante que pode até mesmo tanto deixar o leitor de cabelos em pé como também revoltado com alguns fatos que sabemos que estão aos montes por ai. 
    Além de tudo, além da admiração pela história, vem logo a admiração pelos personagens, a uma delas é claro, a mais marcante. A que nos faz logo que terminamos o livro, roer os dedos e querer logo ler a continuação, desvendar a história de Lisbeth Salander, a garota punk com a tatuagem do dragão.







Annabel Laurino.

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