Nesta postagem
acabarei a resenha de dois dos últimos livros da trilogia Millenium. Para dar
partido na resenha irei relembrar do primeiro livro da saga, Os Homens Que não
Amavam as Mulheres. Que até então fora feito duas adaptações para cinema, a
ultima, concorrendo ao Oscar.
Tenho um bocado de
experiência em livros que tratam de história. No muito, livros em que o autor
toma o maior cuidado possível de não sair do enredo da história que ele está
contando, e isso é claramente observado com Stieg Larsson. No primeiro livro da
trama, a história começa com uma apresentação muito misteriosa dos principais
personagens da saga toda, a nossa heroína contraditória é o ponto do novelo
misterioso que Stieg traça, Lisbeth Salander. Qual seu passado? De onde veio?
Quem são seus pais? E por que assim tão perturbável?
São perguntas que
o leitor vai fazendo ao longo do primeiro livro, mas que ao se deparar com
tanta ação, investigação criminal, mistérios e histórias a respeito, deixa um
tanto de lado aguardando o desenrolar. Que não acontece nem mesmo no final
livro.
Em A Menina que
Brincava com Fogo o autor faz jus a sua escrita que nos prende e nos apresenta
novamente os adoráveis personagens principais de antes, porém com características
novas, deixando-nos ter uma ideia mais aguçada de quem são de verdade. É em a
Menina que Brincava com Fogo que nos deparamos com o passado misterioso de
Lisbeth Salander. E também, nos deparamos com a escrita criativa de Stieg entendendo
que em nenhum momento em todos os seus livros há um ponto sem laço.
Lisbeth Salander é
sem duvida uma das heroínas nunca vistas em uma história também nunca vista
como essas. Mikael Blomkvist, o grande jornalista que provoca não só auxilio em
toda a trama, mas também o mais cativante, assim como todos os outros
personagens que se encontram no segundo livro são incrivelmente necessários. A
trama é sangrenta, misteriosa e com um desfecho perturbável, porém impressionante.
Alguns momentos do segundo livro por tantas informações você se perde um pouco
no que acreditar de fato, até que percebe que Stieg conduz facilmente a história
sem perdê-la do foco, e então nos encontramos novamente em bilhares de
perguntas que novamente não são respondidas no segundo livro.
Para quem curte
história criminal, o livro é cativante, porém cansativo. Não cansativo de
chato, ou de uma espécie de livro que não chame a atenção. Cansativo pois
encontramos muitas coisas em Sueco, nomes, ruas, bares, e se o leitor não
possui um certo conhecimento da língua, a leitura vai entrando em uma espécie
de consecutivas travas toda vez que você se depara com uma palavra estranha.
Ao meu ponto de
vista isso não foi um problema, me vi muitas vezes frustrada por não saber a
pronuncia de uma palavra sueca ou do como defini-la, mas não desisti da
leitura.
No Terceiro
livro da Trilogia, em A Rainha do Castelo de Ar, a trama fica suspensa no que
se pode chamar de ponto de interrogação. A trilogia Millenium trata-se de uma
trama criminal, com personagens secos, distintos, reais e cheios de defeitos
humanos consideravelmente perturbáveis. Como o caso entre Mikael Blomkvist e
Erica Berger que é casada com seu marido Lars, cujo conhece de fato a relação
entre a esposa e o jornalista e aceita. Como a vida sexual de Lisbeth, seus vários
amantes, sua vida passada, seu pai um agente secreto russo da policia especial
que se intitula a Sapö, seu irmão até então desconhecido que é o qual tenta matá-la
e que some durante o livro inteiro e só ressurge no final. Tudo é muito incrível
de informações e esse é problema com o terceiro livro. Muitas informações,
muitos personagens saídos do nada, muita trama, muito suspense, é tudo muito. Aliás
até as páginas são muitas. Você fica sem entender porque a história se enrola
tanto para chegar a um ponto. E esse ponto ocorre somente por volta das
quinhentas páginas se seiscentas e oitenta e poucas.
Stieg se preocupa
muito com como apresentar seu livro, percebe-se sua preocupação em não querer
tornar seus livros em um romance criminal clichê e sim apenas em uma investigação
criminal de alto porte. Isso fica notável quando todas as fontes que são
citadas no livro são logo explicadas como reais. Você entende que não é uma
ficção criminal bobinha e qualquer, e sim um assunto importante sobre a
economia Sueca, sobre o parlamento, a justiça, a burocracia, os deveres atribuídos
ao estado e quando muito são cumpridos, Stieg sabe realmente do que está
escrevendo. É um livro que nos faz pensar sobre como as pessoas são de verdade,
que todos nós temos nossos segredos, nosso lado negro, nosso ponto fraco e
logo, o nosso preço.
Quanto ao romance,
ele é deixado de lado e quando abordado Stieg Larsson não faz esforço para que
pareça romântico. Escreve com uma seriedade e afinco sem transparecer drama,
fala de sentimentos em metade de uma página, e logo muda a direção. Nada de
amor, paixão, coisas assim. Os personagens se envolvem sim entre si, como
Mikael Blomkvist com suas várias amantes e até mesmo um caso com Lisbeth
Salander, mas nada ultrapassa, além disso, de sexo e envolvimentos que servem
apenas para descontrair a trama. Ao longo dos livros é abordada a paixão que
Lisbeth Salander sente por Mikael, mas logo isso é deixado de lado e a
personagem nega tão profundamente esse amor que logo o leitor não espera que
nada aconteça, e que realmente não acontece.
O terceiro livro
foi arrebatador, uma das minhas partes preferidas foi o tribunal onde todo o
desfecho da história foi explicado, em que a advogada Annika que cuida do caso
de Lisbeth toma partido da narrativa de como tudo aconteceu de verdade.
Gostei realmente de
todos os livros, mas o que ainda é meu preferido é o primeiro, e não saberia
dizer por que. O segundo e o terceiro são bons, mas como eu disse, o terceiro
entrou naquela típica parte de “preciso terminar tudo isso, mas não sei como eu
faço” e então é despejado sobre o leitor bilhares de informações. A revista
Milleniun realmente é a parte legal dos livros, e você logo entende por que o
nome dos livros é o nome da revista onde o Mikael trabalha, afinal os mesmos
assuntos que são tratados na Millenium são discutidos no enredo do livro, como
uma história principal, e isso é sem duvidas genial.
Por fim, Stieg
Larsson que hoje já é falecido, entrou para a minha lista de melhores
escritores. Talvez por sua perspicácia, por sua forma em criar enredos tão
marcantes, pelas longas horas em que li cada uma de suas palavras encantada com
a forma jornalística e criativa que atribui a cada uma. Millenium foi sem
duvida uma grande trilogia, e grande no sentido literal mesmo, mas que não me
arrependo de ter lido, embora com palavras complicadas, aprendi muito com a
história e valeu a pena cada segundo dedicado em compreende-lo.
Annabel Laurino
- Informações Adicionais
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 1° Livro: 525
2° Livro: 607
3° Livro: 686
Autor: Stieg Larsson
Recomendação: Aprovada
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